domingo, 29 de maio de 2011

O bolso é o mentor do cérebro humano? E o dinheiro, coisa do Diabo?

Por Wagner Araujo


Algumas pessoas mudam de acordo com bolso!
Natural tal metamorfose? Ou essa mudança é o tiro pela culatra de uma evolução do ponto de vista financeiro que cada ser dito ‘’racional’’ pode alcançar?
Certa manhã telefonei para um amigo e convergimos sobre uma reflexão minha depois que me deparei com carros zero km expostos num feirão de uma grande montadora no principal Shoping da cidade de Recife. Os carros em questão eram ‘’baratos’’: custavam entre de R$ 80.000,00 e R$ 150.000,00 e, logo ao lado daqueles sonhos de consumo de muitos mortais havia uma vitrine com roupas elegantes que também nem eram muito caras, mas para a maioria da população, seria um investimento para pagar por no mínimo dez meses. Imagine só: dez meses - no mínimo - comprometendo algum dinheiro por causa de uma roupa? Até para quem não é apegado ao que é material como eu, aquelas visualizações ‘’mundanas’’ permitiram-me sonhar um pouco e deixar-me tomar pela vontade quase louca de possuir o carro, ou, os carros e, é claro, as roupas da vitrina. Tudo ao mesmo tempo agora!
Mas voltando à convergência entre meu amigo eu, de que apesar de ser justo conquistar aquilo que se quer à custa do trabalho honesto, não podemos nos deixar embriagar por esse falso ‘’tesão’’ - fruto da ‘’evolução’’ do homem moderno - e aí nos transformar em verdadeiros filhos da puta, e até agenciar a própria... Vendê-la mesmo para ser mais direto - Pobre mãe que nada tem haver com a prostituição moral de sua cria, que com o passar dos anos, se embriagou com o efeito lascivo que o que é bom, bonito e caro, causa nas pessoas. Esse meu amigo com nome na certidão de nascimento que lembra o lendário Rei Arthur – líder da resistência à invasão saxã na Grã-Bretanha no inicio do século VI - e que na mesma certidão consta um de meus nomes ‘’Araújo’’, é uma das pessoas mais agradáveis que conheci: e por sê-lo inteligente, é ético! Mas confesso: vive sonhando com cifras milionárias. Ele não perde uma mega Sena e se ela acumular então, hum! Nem fale! Mas ele é de fato boa pessoa!
Tomara que ele não acerte a mega Sena, pois não queria arriscar perder o amigo que talvez morresse dando lugar ao milionário materialista que nasceria. Será?
Mais tarde, depois da manhã ‘’tentadora do cão’’, fui almoçar com outro amigo de profissão e também muito talentoso em seu oficio. Pela primeira vez senti nele após muitos anos de contato, um olhar semelhante dos que venderiam a mãe para conseguir o que a lascívia materialista determinasse. Fiquei meio surpreso com o que constatei - apesar de ter a certeza que - dependendo do sujeito - a tal mudança de caráter aconteça de acordo com o bolso. Esse amigo pode nem está ainda ganhando rios de dinheiro - certamente não está! Mas o negócio que ele dirige com outro amigo nosso é uma ‘’maquininha de fazer dinheiro’’ sim, e daí, começa a embriaguês motivada pelos sonhos de consumo. Segundo a Bíblia - teria dito Jesus - é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha que um rico entrar no reino do Céu. A parábola tem seu fundo de verdade: O homem fez do dinheiro uma droga - e dela - a mais alucinógena e deterioradora do caráter. Coisa do diabo? Não! Assim como as leis foram criadas para estabelecer a ordem e a justiça entre os cidadãos, o dinheiro é apenas um acessório para a comercialização do que é material e prestação de serviços. Acontece que os seres humanos são facilmente seduzidos pelo que apenas a má constituição do pensamento lhes infecta o cérebro e daí se institui essa corrida irracional para se conseguir o que apenas a carne se satisfaz. Eu também quero tomar wisque em Manhantans e Times Square em (NY); fazer compras e jantar na Chmaps-Élysées em Paris; reservar minha passagem para conhecer o Espaço Sideral e comprar o último tipo de um Lamborghini só para impressionar os amigos...
...mas vender a minha mãe - apesar dela já ter pisado bem feio na bola comigo – não!
Como já disseram Jorge Benjor e (para mim, o genial) Arnaldo Antunes em uma de suas inteligentes músicas, ‘’dinheiro é um pedaço de papel: pega fogo fácil! ’’.